17.2.07

"Sobre escrever estórias" com Nelson Galot


Finalmente, falando sobre a escrita de estórias com Nelson Galot.











Sobre escrever estórias, julgo que taxar a dificuldade entre as etapas "início, meio e fim", muito limitado. Há estórias sem início, outras sem meio, muitas sem fim. Outras estórias possuem apenas fim ou início. Alguns autores escrevem quase todo tipo de estórias, a maior parte se especializa em alguma delas. Porém, quando a estória é muito boa e o tema favorece, esses segmentos serão visíveis apenas na mente do processo criativo do autor, pois forma-se uma unidade. Uma unidade que não começa, nem acaba, apenas é.

Minhas estórias, pelo menos as poucas que fiz, as ideais, não possuem fim. O fim, para mim, foi feito para se perder dentro de quem lê e isso não significa fabricar angústias, pelo contrário, o enigma, o mistério, são as pontes. Digo ao leitor "aqui está, fiz até aqui e escrevi isso com um motivo específico que eu não saberia explicitar senão desta forma. Agora, com estas peças que lhe forneço, signifique-a e insira na sua vida da melhor forma que puder". Assim espero que seja, afinal, quanto mais conduzo a estória, menor seu público pode se tornar e mais estúpido me sinto de estar reduzindo o construído à uma pequena coleção de precisas e localizáveis idéias. O absurdo e a poesia são imprescindíveis para exaurir a escuridão da rotina.

Muito em breve: o nascimento do anti-herói carioca, desde o início, fim, meio ou em sua unidade. Até.

Foto: google, espalhando as imagens pelo mundo.

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