3.5.07

O início no meio

Com esse post escrito no início do ano e jamais publicado, retorno, como se o ano recomeçasse, mesmo que ele já se aproxime de sua metade. O texto constava aqui como incompleto. Permaneceu, porém, igual em relação a data de escrita, pois percebi que ele possuía sim completude, só não possuía ambição, que por pouco eu lhe quis imputar. Assim não foi, melhor assim.



Registrou-se a presença de 600 mil pessoas nesta virada de ano em Cabo Frio. Não sei com que precisômetro, mas dizem eles, melhor, ga-ran-tem, que os números são fiéis.
Realmente a praia estava repleta e não se via chão de areia. Mares de gentes, mares de barracas e guarda-chuvas, mares de água salina. Sim, guarda-chuvas e guarda-sóis, um carnaval de tamanhos e cores com o mesmo fim de proteger das últimas gotas do céu de 2006, por converterem-se nas primeiras de 2007. No meio da multidão, perdi a contagem, o melhor momento - talvez eu passe esse ano, dito iniciado, crendo em um 2006 que não terminou -, quando meu irmão me informou, já era 00:01 de 2007 depois de Cristo. Um ano que começou sem me avisar.
No entanto, a surpresa dos minutos céleres, passados no despercebimento, trouxe a piroctenia prazenteira. Exato: fogos de artíficio, mais ao vivo do que nunca. Nesse quesito, me iniciei junto com 2007, já que os espetáculos presenciados anteriormente eram singelos. No mais, vez ou outra ao longo dos anos, presenciei o estouro e o encantamento visual e sonoro da piroctenia, ironicamente, quando os carregamentos dos trabalhadores ilícitos chegavam nos seus postos de venda.

Valeu-me os primeiros minutos do ano. Árvores douradas, imensas, se dispersaram pelo céu sem estrelas. Porém, cada vez que uma luz em brasa se punha em nossa direção, eu poderia jurar que as estrelas recolheram-se para não dividir a cena. Lindos espirais de um roxo vivo, corações risonhos, chamas bambuleantes que riscavam os céus, os estrondos que vibram, como saborosos mantras. Cores, tons, nuances, desenhos, tudo muito efêmero. Os olhos grudados esperavam para saber qual seria o próximo presente a ser desembrulhado lá no alto, naquele firmamento sem referências. Um papel em branco, no qual os brinquedos de magia do homem tinha o livre espaço para cintilar.