30.11.06

E nos momentos livres?



(a pauta aguardando a música da sua cabeça...)



Hoje eu pensei umas coisas sob o céu chuvoso, em frente a faixa de pedestres, esperando o momento de me lançar rumo ao outro lado da rua: esqueci as todas e é sempre assim.

Mas lembro-me ainda que ontem pela noite estava refletindo... bem, em que as pessoas pensam quando não há nada para se pensar? Elas sonham? Elas filosofam? O que fazem? Eu queria muito saber, na medida do possível. Da minha parte, direi que sofro constantemente de hiatos no referido assunto. Mais ainda, eu sou apenas isso, o que me leva ter essas idéias desconexas e trabalhar no campo das correlações, uma vez que meu tabuleiro é branco antes do jogo e tenho a minha disposição as cores que colhi por aí. O ponto de partida comigo é sempre o zero, o início, a condição, o mote, o problema, o centro. Se não há foco, invento um com o que estiver por perto e eu julgar(ou não julgar) adequado(ou inadequado).

Porém, sei que, em se tratando de pessoas, relacionamentos, sociabilidade, se abre um clarão na minha mente e nunca sei o que dizer aos outros. Por isso frequentemente me prosto sem palavras diante de alguém e consigo, no máximo, entregar meu olhar em substituição a hábeis e inúteis palavras, que outros com sagacidade oferecem para amaciar os ouvidos alheios. O ser humano adora convenções e formalidades. Sou objetivo demais. Tenho o gosto pelas palavras-projéteis, certeiras. Prefiro o cerne das questões a dar voltas pela praça.

Em que pensam as pessoas quando não há obrigações a serem pensadas, no momento em que se encontram livres para pensar no que quiserem? Ou será que as coleiras dos tempos modernos já apertaram tão forte estes pescoços e a falta de oxigenação fez com que esses tantos seres das ruas e dos papéis sociais não conseguissem distinguir suas atividades de si mesmos?


Foto: LP

24.11.06

Chover é bom



Chuva reprimida



Um céu nublado:
não chove
Uma emoção retesando a pele:
não chove
Uma explosão calada,
como se o dia fosse um saco de areia
e a cama, o único caminho,

para adormecer a dor
até amanhã.


LP