18.9.06

fragmentos I

O que eles não sabem



Tua tristeza me é inspiradora, mulher. Teus lábios contritos, derredor dos quais deslizam lembranças que amargas no teu mais recôndito.

Ah, mulher! Tu guarda meses no ventre.

Poucos, mas muito poucos mesmo dos que circulam sobre esta Terra, têm a capacidade de pensar a vida como ti. Não uma coisa de livros, técnicas, doutrinas. Isso também vai; todavia, além das religiões, ciências, inclusive das artes diversas, há um pensar sentindo. Intuição? Há sim e muita. Razão? Também, claro. Somadas, unidas... transformadas em mais.

As pessoas desse planeta me parecem desesperadas em viver, mesmo que não saibam quê vivem. Tu não... engraçado.

Questionas, indagas, revertes cenas. Esqueces também, ora, és humana; cometes erros muitos! Porém, ao percebê-los, lamentas. Em longo prazo é possível que lhes gargalhe: tudo nessa vida vira história e, o que magoa, pode também ser rido. Tragédia e comédia diluídos.

És um obstáculo à mente dos outros. Vais ser sempre estranha. Isso pode ser ruim, não se sabe, afinal não conheces o outro lado da moeda. Tua perspectiva é sagaz, sensata, por isso dolorosa. No entanto, tu ris: zombeteira... irônica... Sabe o que é que há? É que quando miras o céu vês estrelas – talvez lua – pintadas num imenso manto negro...

e enxergas também buracos negros. Sabe que estão perdidos ali, naquela sombra toda. Então tua mente incorre que o mundo se acaba, que vida se engole. Aí já fomos engolidos. Essa palhaçada se acaba e está acabada; já que o tempo não existia antes, ele não existe agora. Ora, o tempo não pode ser inventado!

Essas idéias te dão uma ousadia imensa que, admirado aquele que observa, não compreende donde vem e nisso, ignora. Pensam-te doida ou retardada. Coitados.

12.9.06

Dentro da madrugada

Acho que cabe nesta uma hora e quarenta minutos da madrugada, o seguinte poema:


Depois do sono

Alma renitente
Eu me entrego a não-entrega
Me devolvo a mim, recobro - sempre se perde um pouco.
Do salvo, faça novo caldo, esqueço o passado
Relembro o dobro. Hoje eu durmo, apago
Amanhã,
acordo outro.

LP

LP
trata-se de Leonardo Pereira, para que fique bem claro.

10.9.06

O dia não tem hora para amanhecer


Aquela greve não poderia mais continuar. Viu-se, então, na obrigação de pôr fim e dar continuação ao que não poderia parar: o show.

O mundo ainda gira, ele sente; o vento ainda sopra, ele agradece. Era preciso voltar. A casa está distante? É bem verdade. Todavia, que importa? Nada nos demoverá de forma demasiado fácil. É necessário muito mais para se nos arrebatar!

Hora de acordar, é hora de acordar. Mesmo o espírito mais livre, mesmo o corpo mais indômito, pede uma gota de disciplina.
- Levanta-te, homem! Abre teus olhos, afasta as persianas e vai ver a luz do dia!

Bom dia à todos. A manhã tem de recomeçar.