Me revirou tudo por dentro, tal que fiquei sem expressão: mas que era para expressar? Que haveria eu de expelir, se estava tudo aqui dentro em serena profusão, massageando o ânimo. Sei, parece mesmo egoísmo, até para mim, mas é que eu tinha outros modos e sempre me desencontrava no gesto, nas dimensões, medidas. Ainda assim, prefiro recusar as paralelas se o destino que para elas prevêem, for o de nunca se tocarem.
Deve ser tudo culpa desses dias de desencontro em que vivemos, cada vez menos convivendo e mais subvivendo. Tempos velozes, de muita informação e acessibilidade, no qual esquecemos de nós e nos perdemos. Faz parecer-nos condenados à errância, mas não faz mal: mais uma vez, me recuso a atender o mundo feito, em nome e sobrenome do novo, por brotar constantemente onde não haja relógios e fracionamento do eterno.
13.6.08
8.6.08
fragmentos III
Existe também nesta serena tristeza um movimento apicular, de intenso prazer dolorido, quase masoquista: mas que prazer não haverá de doer um pouco neste corpo pequeno, limitado? Que transcendência não haverá de extrapolar, reclamar o todo, quando já pelas tantas da madrugada nos depararmos com a singela figura humana frente ao espelho, singular, bela, e nos rirmos: então tomamos uma ducha de água fria e deitamos para sonhar sem descanso.
postando anacronicamente: terceiro fragmento postado, mas, salvo engano, o décimo segundo escrito.
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